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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ESPORTES

Em 1948 houve a inauguração da Rádio difusora de Teresina. Dento em pouco tempo eu e Valdemar Sandes criávamos na emissora o programa futebol e política. Era o governo Rocha Furtado e cada dia mais aumentavam as brigas e os xingamentos entre governo e oposição. Semanalmente eu e Valdemar colocávamos no ar o FUTEBOL POLÍTICO, uma partida humorística em que pelejavam os próceres governistas e os oposicionistas. Grande audiência. Até apostas se firmavam sobre os ganhadores e perdedores. E logo se inauguravam a crônica esportiva e nasciam os primeiros ases de comentaristas de futebol.

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Sempre gostei do esporte de Pelé. Todo domingo lá estava eu no estadiozinho Lindolfo Monteiro, tão simples, bom de cultivação de amizades, alegre, tempo das chupas de laranja e de pastéis apimentados. Era bom.

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Vejo a idéia do Albertão, nos sonhos de Alberto Silva. Combati sozinho esse elefante-branco, gastador de milhões. Preconizei o seu futuro fracasso. Eu era sozinho. Só eu combatia a construção desse estádio que vive vazio, sem assistência. Tão negativo o Albertão que ressurgiu o Lindolfo Monteiro.

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Trabalhei ainda na Rádio Difusora em 1971. Programa diário. Antes na Rádio Clube, também diariamente. Programas de audiência certa.

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No rádio conheci gente boa, como Gurani (Sansão Santos), que morreu magrinho num canto de hospital. Era gente do coração. E Trindade Júnior, Denis Clark, Jackson Moreira, o fabuloso Carlos Said, de memória genial, José Lopes dos Santos, de pouca conversa, caladão, organizado, inteligência aplaudida, e quantos mais, no passado pouco distante, alguns mortos, outros vivos, e que me desculpem a memória fraca para recordações completas.

Agora, com alegria e orgulho, Dídimo de Castro completa trinta anos de reportagem e de microfone. Fiel amigo do futebol. Célebre ativo, espírito observador, justo, competente, esforçado, virtuoso e amigo. Incorporou-se ao futebol piauiense, à sua história, aos seus triunfos, às suas derrotas. Apaixonando por causas nobres. Ninguém o vence de desânimo - e clama pelo soerguimento das nossas lutas e pela valorização das nossas disputas. Ouço-o sempre, admirando-o na persistência e na coragem de dizer e verberar as falsidades. Dídimo não sabe, mas lhe consagro uma amizade sincera porque justa e harmônica com a sua expressão de coragem em favor do Piauí.


A. Tito Filho, 08/05/1992, Jornal O Dia

OS CEM ANOS

Neste mês de dezembro, Edison da Paz Cunha, um dos fundadores da Academia Piauiense de Letras, se vivo fosse, completaria cem anos de idade.

Nasceu em Teresina, a 15 de dezembro de 1881. Pais: Higino Cunha e Corina da Paz Cunha. Bacharel em Direito pela Faculdade do Recife (1912). Oficial de gabinete do governador Eurípedes de Aguiar. Diretor da Imprensa Oficial. Promotor Público. Em Parnaíba, onde passou a residir e faleceu em 1973, tornou-se notável advogado e mestre acatado da juventude.

Jornalista, jurista e conferencista. Escreveu ele sobre a própria personalidade: "Prosador e conferencista para estudantes, em estilo didático, adquirido no longo exercício do magistério. Não é poeta, mas nas horas vagas, faz versos quase maus, como diria o senhor Esmaragdo de Freitas".

Deixou os seguintes trabalhos: "Vozes Imortais" (crítica sobre membros da Academia Piauiense de Letras, vivos e mortos), "Correspondência para você", "Discurso na abertura do ano letivo do Ginásio Parnaibano" (1935) e "Razões Finais", em colaboração (estudo jurídico).

Sucedendo a Edison Cunha na Casa de Lucídio Freitas, o escritor J. Miguel de Matos definiu-lhe, como de grandeza a atividade intelectual e literária - versátil e poderosa de jornalista, de escritor, de advogado, de filósofo e de poeta.

A respeito de "Vozes Imortais" (Crestomatia da Academia Piauiense de Letras) escreveu Martins Napoleão: "Nesse trabalho de compilação e crítica, e inteligência vivacíssima do senhor Edison Cunha, sempre ao melhor serviço da Literatura, do Magistério e da Advocacia, resume exemplares de vinte e cinco anos de atividade intelectual dos titulares da APL, contribuindo, assim, e com esforço digno de louvor e estímulo, a comemorar o cumprimento do primeiro quarto de século de sua fundação, ocorrido em 30 de dezembro de 1942".

"Título e subtítulo da obra, em que se estão a trair, de uma vez, o beletrista, o professor e o advogado, bem cedo lhe revelam a intenção e objetivos: naquele - a capacidade de admirar, que distingue o homem de talento, cultuando a memória dos companheiros, através de suas produções escolhidas; nesse - a preocupação de ser útil aos outros homens, tão evidente no sentido da palavra crestomatia".

E adiante:

"O senhor Edison Cunha andou bem avisado em não querer cifrar-se a simples nótulas biográficas dos nossos acadêmicos, seguindo Humberto de Campos em relação aos seus ilustres consórcios: aduziu apreciações críticas que, sucintas e nervosas, ganham em intensidade, em interesse e em brilho, verdadeiros retratos em traços esquemáticos, vivos e impressionantes".


A. Tito Filho, 03/01/1992, Jornal O Dia